palmakreutz

A saga do LabJor

In Jornalismo on 23/04/2009 at 11:16

Quando eu fiquei sabendo que a minha matéria teria 2000 caracteres, eu quase surtei. Início de faculdade, aluna sem noção: descobri que 2000 caracteres dá meia página com letra 12 no Word. O difícil mesmo foi escrever SÓ 2000. Como que eu conseguiria falar sobre as inúmeras lendas da capital gaúcha com pouco espaço? Comecei a entender os dilemas de uma redação. Ter um espaço delimitado aumenta a dificuldade da profissão, e isso deixa mais emocionante ainda 🙂

Para escrever a matéria, fiz pesquisas em sites especializados em lendas de todo o Brasil e em livros. Eu gostaria de ter lido todos, mas não tem como ler três  livros para escrever uma só matéria. Só para constar, os nomes e os autores dos livros sobre as lendas que eu citei são os seguintes:

  • O maior crime da Terra – Décio Freitas
  • A prisioneira do castelinho do Alto da Bronze – Juremir M. da Silva
  • Lendas Gaúchas

Depois de escrever o texto, chegou a hora da foto. Meu namorado e eu fomos, então, atrás do tal castelo do alto da bronze. Eu já tinha ouvido falar, mas não fazia ideia da história que aquele castelinho perdido no centro possuia (ler texto abaixo). Tirei fotos de vários ângulos e fiquei com uma vontade absurda de entrar nele. Aqui no Brasil não existem muitos castelos, e os que existem -vamos combinar- não tem muita graça. Contudo, aquele lugar me cativou. A minha imaginação foi looonge. Eu quase enxergava a mulher prisioneira (com seu vestido longo e rodado, é claro), o queixo apoiado na mão e o cotovelo encostando levemente no murinho da sacada. Viajei! Bom, o que interessa é que eu consegui capturar uma bela foto do castelo. Aí embaixo está o texto para o Jornal do Laboratório de Jornalismo, criativamente chamado de LabJor 😛

Lendas habitam o imaginário dos porto alegrenses

BÁRBARA KREUTZ PUSTAI

A capital gaúcha abriga várias lendas – algumas, bastante macabras. Quem nunca ouviu, por exemplo, a clássica história do açougueiro e de sua bela mulher da Rua do Arvoredo? Existe enorme curiosidade sempre que o assunto abordado é lendário e misterioso, por isso essas histórias são tão populares.

A atual Rua Fernando Machado, na segunda metade do século XIX, era chamada de Rua do Arvoredo. Lá, em 1863 e 1864, aconteceram assassinatos brutais com um fim bizarro: os cadáveres eram transformados em lingüiça, a qual era vendida para a população. De acordo com o livro O maior crime da terra, do escritor Décio Freitas, o açougueiro matava não com o intuito comercial, mas sim pelo simples prazer de matar – o casal fabricava as linguiças apenas para se livrar dos corpos.

Na esquina da Vasco Alves com a mesma Fernando Machado dos assassinatos, há um castelo perdido entre casas comuns de alvenaria. A história dessa estranha construção começou no fim da década de quarenta, quando o político Carlos Eurico Gomes mandou construi-lo para viver com sua amante. Segundo a lenda, o homem não permitia que ela deixasse o castelo, ou seja, a moça acabou transformando-se na prisioneira de sua própria residência.

Existe, ainda, outra história bastante popular: a da Igreja Nossa Senhora das Dores, localizada na Rua da Praia. A pedra fundamental da Igreja foi lançada em 1807 e a finalização da obra aconteceu quase cem anos depois. O motivo de tanta demora, segundo a lenda, foi a praga rogada por um escravo injustamente condenado à morte. Josino, o escravo, levou a culpa pelo sumiço de uma joia da imagem de Nossa Senhora (que já estava no altar, apesar das obras ainda não estarem totalmente concluídas) e foi levado à forca. Antes de morrer declarou que, como prova de sua inocência, a Igreja jamais ficaria pronta. Ela pode até ter sido finalizada, contrariando a maldição, mas foi com uma ironia: a cruz de ferro entre as duas torres do enorme templo foi colocada por um negro.

O castelinho do Alto da Bronze

O castelinho do Alto da Bronze. Foto: Bárbara Kreutz Pustai

Bárbara

  1. Palma, que surpresa te encontrar aqui.Ah, ontem conheci e conversei com a prisioneira do castelinho.Beijo Cristi

  2. Adorei o texto do castelinho! Tá mto bom, Bárbara!!
    Bjão

  3. Mas que legal Bárbara! Eu sou fissurado por histórias e lendas tanto urbanas quanto rurais. No caso das descrições destas histórias percebo que há uma mistura entre o real e o imaginário popular. Isso é pura literatura, mas uma literatura repleta de informações preciosas acerca da história de nossa gente. Sugiro o livro “Cães da Província” de Luis Antonio de Assis Brasil que romanceia de forma impecável os crimes da rua do arvoredo e o site http://www.mrmalas.com/lendas/ que traz lendas que transcendem os muros de uma única cidade e parecem se repetir em muitas cidades. Isso aí pessoal parabéns ao blog e contem comigo como um leitor assíduo de hoje em diante!

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